Iniciada na Alemanha, a “Quarta Revolução Industrial”, denominada também de Indústria 4.0, parte de uma proposta elaborada pelo Centro Alemão de Pesquisa em Inteligência Artificial para promoção das mudanças operacionais nas fábricas industriais germânicas, com a apresentação dos conceitos de sistema ciberfísico (CPS), internet das coisas (IoT), inteligência artificial, Big data e sistemas físicos como manufatura aditiva e biologia sintética (SynBio).
Diferente dos avanços tecnológicos que desencadearam revoluções industriais na sua forma de produção e organização, historicamente com o aumento de emprego e surgimento de novas teorias políticas e econômicas, assim como novas estruturas sociais, seja na forma do Welfare State (como solução de ordem capitalista) ou pela Revolução socialista na Rússia (como resposta as tensões econômico-políticas do capital), as consequências da “Quarta Revolução Industrial” possuem aspectos variados, perturbadores e incertos dentro da fabricação industrial e da sua cadeia de valor.
Atualmente, notam-se mudanças econômicas movidas for diversas forças transformadoras no mundo do trabalho, sujeito às pressões da globalização, desigualdade, mudança climática e mudanças demográficas, que não somente possuem iminente capacidade de alteração dos métodos de produção, mas também de transferência do ponto de maior valor agregado dentro da cadeia de valores, sucedendo uma maior concentração de riqueza na mão de poucas empresas. O resultado é uma maior desigualdade social, sobretudo, entre o mundo desenvolvido e o subdesenvolvido, à medida que as vantagens de troca dos países de terceiro mundo se espraiam na precarização da força de trabalho.
Isso porque, estas transformações inclinam-se para a desindustrialização ou deslocamento industrial de alguns países desenvolvidos, já que essa nova morfologia do trabalho (informacional-digital), está imersa em um processo de informalidade e precarização, como terceirização irrestrita, trabalho intermitente (zero hour contract), trabalho home office, entre outros.
Segundo dados da OIT, o emprego temporário, de meio período e a disparidade de gênero tem crescido nos países europeus, consequentemente com “desindustrialização ou descolamento industrial de alguns países desenvolvidos”, gerando efeitos de uberização das relações de trabalho, novas formas de contrato de trabalho e o esvaziamento industrial de centros urbanos.
Como os sindicatos de trabalhadores se comportarão frente aos impactos da Indústria 4.0?
Segundo a federação sindical global (IndustriALL Global Union), a mudança da era industrial de produção em massa para uma era digital de individualização e otimização exige uma perspectiva global de solidariedade, a união das entidades sindicais na proteção e melhoria de direitos e condições de trabalho ao longo de toda cadeia de valor, assim como impedir a desindustrialização ou deslocamento industrial irresponsável das empresas que exploraram a força de trabalho de países em desenvolvimento.
A IndustriAll, no documento “O Desafio da Indústria 4.0 e a exigência de novas respostas”, concluiu pela necessidade de respostas coletivas à tecnologia, como forma de limitar o poder do capital e sua aspiração a promoção da desigualdade, lembrando que o implemento de novas tecnologias deve ter o ser humano como centro, a fim de gerar melhores consequências aos trabalhadores, além de produzir resultados mais seguros e saudáveis, ao reverso de uma nova onda de trabalho mais intensivo e precarizado.
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