A visibilidade dos modelos de negócio ESG

O êxito no universo dos negócios está diretamente relacionado à obtenção de lucros. O modelo tradicional de gestão se fundamenta, basicamente, em fatores internos, como a contabilidade de uma corporação. Nesse modelo mais tradicional, o objetivo é a maximização de lucros e fatores externos geralmente não são levados em consideração.

Essa visão tradicional de abordagem no plano de negócio vem se mostrando imediatista, com altos índices de risco e baixo rendimento a longo prazo.

Entretanto, percebe-se uma mudança substancial na forma como as empresas estão buscando a maximização de seus lucros. Tais entidades optam pelos ganhos de forma mais sustentável e sólida no longo prazo, pois reconhecem a importância de se observar fatores não financeiros, como o impacto externo de suas decisões, baseando-as em comportamentos e padrões éticos. Esse modelo de negócio/gestão ganhou uma espécie de rótulo – o ESG.

Os modelos de negócio que possuem comprometimento e alinhamento com políticas internas e de gestão ligadas aos fatores ESG (environmental, social and governance) possuem, além do compromisso com a performance em resultados, uma visão macro da importância em valorizar seus ativos não tangíveis, como uma política de ambiente comprometida com baixos índices de emissão de poluentes, ou a contratação social que mire a equidade e inclusão. A adoção de tais medidas se transforma em ativos capazes de aumentar os índices de ganhos e adequação à um mercado promissor.

Prova disso é que, recentemente no mercado nacional, uma Gestora de fundos de impacto social anunciou a captação de R$ 300 milhões para investir em empresas nos segmentos da saúde, educação e recuperação de resíduos. Em um ano turbulento para a esmagadora maioria do mercado, modelos de negócios envolvidos em sua essência com fatores ESG reúnem investidores para o desenvolvimento de negócios.

Historicamente, empresas que possuem um alto nível de sustentabilidade em suas políticas, são, em sua maioria, capazes de estabelecer um processo de stakeholders engagement onde os riscos e oportunidades são bem definidos, o escopo do processo é previamente definido e a comunicação de resultados, seja interna ou externa, é realizada de forma mais clara e transparente. O modelo de negócio é traçado nas relações de trabalho, de consumo, de produtos, na comunidade e meio ambiente como parte fundamental da estratégia de atuação.

Além da atuação da própria empresa, os fatores ESG que permeiam as políticas internas se estendem aos critérios de seleção de sua cadeia de fornecedores, sendo analisados não apenas a qualidade do produto/serviço, mas também a forma como determinado fornecedor posiciona sua preocupação na diminuição de emissão de gases poluentes ou nas políticas de contratação que observam critérios de diversidade, inclusão e equidade, que promovam o equilíbrio e qualidade de vida no dia a dia de seus colaboradores.

É bastante ilustrativa a fala de Larry Fink, o CEO da BlackRock, gestora americana com aproximadamente USD 7 trilhões em carteira, dizendo que sustentabilidade tem impacto direto nos retornos financeiros de seus clientes.

Ele traduz da melhor forma o seu propósito de atuação com sustentabilidade: “Será que as cidades serão capazes de suprir as necessidades de infraestrutura à medida que o risco climático muda o mercado de títulos municipais? O que acontecerá com as hipotecas de 30 anos – um pilar fundamental das finanças – se os credores não puderem estimar o impacto do risco climático para um horizonte tão longo, e o que acontecerá com as áreas afetadas por enchentes ou incêndios se não houver um mercado de seguros viável para esses eventos? O que acontece com a inflação, e por sua vez às taxas de juros, se o valor dos alimentos aumenta devido à seca ou às inundações? Como podemos modelar o crescimento econômico se os mercados emergentes vêem sua produtividade cair como resultado das temperaturas extremamente altas e outros impactos climáticos?”[1]

O bem-estar social e ambiental proporcionado pela maneira como se performa é tão importante quanto o volume dos números construídos. Impactar positivamente a comunidade, seja em maior ou menor escala, através de políticas ambientais e sociais de inclusão e diversidade, podem se tornar os maiores ativos da empresa.

Os próprios colaboradores passam a procurar por corporações que conversem com seus ideais, projetos e momentos de vida. Eu, particularmente, atuando pelo CCLA, vivencio medidas factíveis, capazes de realmente gerar impactos expressivos no bem-estar dos colaboradores, como a criação de uma política que mede resultados e não esforço – as horas trabalhadas são termômetros de custo e não de eficiência, bem como os benefícios que os investimentos em tecnologia podem proporcionar, especialmente pela facilidade de trabalhar em qualquer lugar em uma jornada reduzida, já que sou pai de um bebê de 9 meses.

Em linhas gerais, a criação de políticas ambientais, sociais e de governança corporativa é um caminho altamente rentável – financeiramente e coletivamente falando.

O CCLA Advogados possui um quadro de advogados especificamente direcionada à estratégia de negócios novos negócios, e poderá auxiliar em qualquer assunto relacionado a esse mercado.

[1] https://www.blackrock.com/br/larry-fink-ceo-letter

Este informativo tem por finalidade veicular informações jurídicas relevantes aos nossos clientes, não se constituindo em parecer ou aconselhamento jurídico, e não acarretando qualquer responsabilidade a este escritório. É imprescindível que casos concretos sejam objeto de análise específica.

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Felipe Koyama

Atua na área de Contratos com ênfase na área do Entretenimento. Felipe é especializado em direito digital, LGPD, propriedade intelectual e novos negócios.
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